Nação Jeje

18-10-2010 20:59

 

NANÃ

 

Nanã é considera por todos os adeptos do Culto Vodum como a grande Mãe Universal que criou o mundo e deu vida aos Voduns. É chamada carinhosamente de vó Misan (missam).
Senhora da lama, matéria primordial e fecunda da qual o homem em especial, foi tirado. Mistura de água e terra, a lama une o princípio receptivo e matricial (a terra) ao princípio dinâmico da mutação e das transformações. Sua ligação com a água e a lama, associa Nanã à agricultura, a fertilidade e aos grãos (vide simbologia dos grãos e favas).
Nanã tem os mais variados nomes de acordo com o dialeto usado: Bouclou, Buukun, Buruku, etc. Em Dahomey, na cidade de Domê onde está localizado seu principal templo, Ela é conhecida como Nanã Buruku (lê-se, buluku).
No Brasil, também existem variações de nomes para Nanã: Buruku, Naê Naité, Yabainha, Naê, Anabiocô, etc.
Nanã representa a dogbê (vida) e a doku (morte). Ela recebe em seu seio os ghedes (mortos) e os prepara para o leko (lêcô - retorno, renascimento)
Quando uma mulher não consegue engravidar, recorre a Nanã que ensina a "fórmula mágica", o remédio de ervas que deve tomar, os ebós e oferendas que devem ser feitos.
Se um doente recorre a Nanã, imediatamente obtém o remédio curador.
Na África quando uma família ou alguém obtém um favor de Nanã, fica com o compromisso de oferecer um membro da família ao culto de Nanã e esse, após sua iniciação, receberá na frente de seu nome a palavra Nanã; assim como a criança que nasce com a ajuda da Grande Mãe também. Todos os sacerdotes e sacerdotisas de Nanã têm na frente de seus nomes a palavra Nanã.
Nanã é a maior conhecedora do uso terapêutico das ervas. Alguns de seus sacerdotes e sacerdotisas são preparados para serem curandeiros. Em Ghana existe a Sociedade dos Jou-Jou, em Allada e Dahomey a Sociedade do Bo, etc.. Nessas sociedades as pessoas escolhidas são preparadas para a prática da medicina através das ervas. Nanã diz que além do uso terapêutico das folhas e de alguns produtos animais, as doenças devem que ser tratadas em sua origem espiritual, para que a cura seja concretizada. É lastimável que no Brasil essa parte do culto a Nanã não tenha sido trazida. Em outros países como Estados Unidos, Canadá, Jamaica e Haiti encontramos essa prática.
O Culto de iniciação de uma filha ou filho de Nanã requer uma série de cuidados especiais, tanto na África, como no Brasil. Para mim, esse é o mais difícil culto de Vodum. Nanã Buruku não é feita na cabeça de ninguém.
Existem vários Voduns da linhagem de Nanã Buruku, que são feitos nos iniciados. Todos esses Voduns seguem a tradição de Nanã Buruku e são tão exigentes quanto Ela.
Para iniciar um processo de feitura de uma Nanã, é exigido a abstinência de sexo, bebidas alcoolicas e outros prazeres carnais, pelo menos dois meses antes (na África são exigidos 3 meses), de todos que irão participar do processo de renascimento do iniciado. Nesse período, são feitos vários ebós no iniciado e alguns poucos nos participantes e na casa de santo.
A bogami (bôgâmi - menstruação) é outro beko de Nanã. Se durante o processo de iniciação a vodunsi ficar menstruada, deve ser afastada imediatamente de Nanã e ficar reclusa em um lugar especial, fora do templo, até que cesse esse período.
Na África as mulheres menstruada são proibidas de entrar no Templo de Nanã ou de participar de qualquer preceito, seja de rituais ou simplesmente fazer uma comida de santo. Nanã diz que a bogami é um sangue impuro e aconselha as mulheres não cozinharem para seus maridos nesse período.
Por ter muita ligação com egungum é necessário saber tratar muito bem de Buku, entidade assistente de Nanã e Sakpata. Em uma feitura, não é permitido a sua presença, mas, ele deve ficar aposto, sua função será tomar conta de todos, para que nenhuma exigência da Grande Mãe seja desobedecida, principalmente a abstinência de sexo.
Assim como Buku, Legba Aghamasa (agramassá) devem ser tratados corretamente para garantir a paz, tranqüilidade e segurança nos rituais e preceitos. Ebós e oferendas específicas devem ser feitos para essas duas entidades.
Os ancestrais dos Voduns, do iniciado, dos participantes e da casa de santo não podem ser esquecidos em hipótese alguma!
Antes, durante e depois da iniciação de uma Nanã devemos fazer muitos ebós, oferendas e preceitos. Uma Nanã bem feita é caminho de prosperidade e crescimento para a casa de santo, do iniciado e dos participantes.
De acordo com a Vodum Nanã que está sento feita ou cultuada é que se determina, se comerá bichos macho ou fêmea. Existem Voduns dessa linhagem que não comem bicho de quatro pés, outros preferem comer somente o Igby. Nanã Buruku, por exemplo, não gosta de muito kun (sangue)
Vários textos têm sido publicados, citando o carneiro como o bicho oferecido a Nanã, mas, se observarmos as fotos que acompanham esses texto, veremos que se trata de cabra e cabritos. O sacrifício de carneiro é o maior beko (kisila) de Nanã. Para essa Vodum, o carneiro é um bicho sagrado e não deve ser sacrificado.
O não uso da faca e outros metais nos nahunos e preceitos de Nanã devem-se ao fato de Ela ser muito mais velha que esses metais. Por seu caráter conservador, quando o ferro e outros metais apareceram, ela preferiu manter o que já conhecia em seus ritos.
Vejamos abaixo alguns dos Voduns da linhagem de Buruku. e algumas curiosidade ligadas a Grande Mãe.
Nanã Densu ou apenas Densu – Segundo os Fons esse Vodum é um deus andrógino e seria o lado macho ou marido de Buruku. É muito cultuado nos rituais de Mami Wata onde é considerado o maior de todos os deuses, os Fons o compara a Olokun.
Muitos antropólogos têm atribuído erronêamente Densu a um deus hindu, devido seus fetíches e assentamentos apresentarem três cabeças.
Esse Vodum é muito rico e farto. Costuma presentear seus adeptos com suas riquezas.
Não é feito na cabeça de ninguém.
Nanã Asuo Gyebi (assuô giêbi) – Vodum masculino velho, que habita os rios. Muito popular em Ghana e tido como o protetor das crianças africanas que foram escravizadas. Esse Vodum pediu aos seus sacerdotes que o levasse para os países onde os africanos foram escravizados afim de que pudesse resgatar suas crianças. Ele já foi assentado em templos de Akonedi nos Estados Unidos e no Canadá.
Nanã Esi Ketewa (êssi quetêuá) – Vodum feminina muito velha, cultuada em Ghana, Cotonou e Allada. Dizem os mais velhos que essa Vodum morreu de parto e que por isso a missão dela é proteger e tratar as mulheres grávidas assim como seus filhos
Nanã Adade Kofi (adadê côfi) – Vodum masculino, tem a função de proteger e defender todos os templos de Nanã. É um Vodum guerreiro, ligado ao ferro e outros metais. Cultuado em Ghana, Allada, Cotonou, Porto Novo, etc. É o Vodum da força e perseverança. Sua espada é usada pelos adeptos de Nanã, para prestarem juramentos de obediência, submissão e devoção a Grande Mãe.
Nanã Tegahe (têgarê) – Vodum feminina jovem, cultuada em Ghana. Tem o poder de tirar feitíços das pessoas e lugares. Tem grande conhecimento no uso terapêuticos e ritualísticos das ervas. Muito alegre e faceira, gosta de dançar e cantar, mas fica muito séria e aborrecida quando encontra malfeitores e ladrões; ela os mata.
Nanã Obo Kwesi (obó cuêssi) – Vodum feminina guerreira, cultuada na região Fanti em Ghana. Protege e ajuda os kuhatô (pobres) e os azon (doentes). Detesta quem faz aze (azê - bruxarias) ou qualquer mau a um ser humano.
Nanã Tongo ou Nanã Wango (tongô/uangô) – Vodum feminina, cultuada em Togo. Grande curandeira, trata das pessoas com ervas, ebós e gri-gris. É uma grande Azeto (azétó - feiticeira) e seu culto talvez seja um dos mais complexo. Em seus nahunos, os sacerdotes prostam-se no chão ao lado dos bichos mortos e fingem estarem mortos também, assim permanecem até que Wango incorpore em um deles e os ressuscite. Todos levantam, os bicho são suspensos e preparados.
Nanã Tongo dança com muita alegria, vestida em suas roupas confeccionadas com as peles dos bichos sacrificados para ela. Seus adeptos costumam presentear Wango com muitas jóias, enfeites, roupas e talismãs que a agradam. Antes de começar os nahunos para Wango, corujas são atadas às árvores.

Nanã Akonedi Abena – Vodum feminina jovem, cultuada em diversas partes da África. Seu principal templo fica em Later, cidade de Ghana. Quando Akonedi chega ela percorre a vila, esconde-se em arbustos e sobe em telhados à procura de feitíços, feiticeiros e malfeitores. Atende os moradores locais, fazendo libações e curando os doentes. Em Ghana é considerada a Deusa da Justiça
Seu corpo é coberto com um pó branco sagrado, usa saia de palha, seu rosto é descoberto, na cabeça usa um torço, no corpo muitos brajás e nas mãos trás um feixe de lenha.
Sua dança é selvagem e desenvolve-se dentro de um quadrado divino, dividido em outros quadrados menores feito com riscos do mesmo pó que cobre seu corpo. Esse conjunto de quadrado também é usado por suas sacerdotisas durante as danças.
Seu assentamento fica em um buraco dentro da terra, ficando somente a tampa deste aparecendo.
Os sacerdote e adeptos de Akonedi carregam-na nos ombros numa espécie de desfile, para que todos possam admirar e louvar a grande deusa da Justiça. Terça-feira é o dia consagrado a essa Vodum.
O Culto de Akonedi foi levado para alguns países, a pedido dos governantes desses. Quem levou o culto de Akonedi para o novo mundo foi a maior autoridade religiosa do culto, Nanã Oparebea Akua Okomfohemma, falecida em 1995.
Mmoetea – Aldeia de pigmeus que vivem nas florestas de Ghana. Formam uma sociedade secreta especializada no uso das ervas para diversos fins. Desenvolveram a capacidade de curar qualquer doença física, mental e espiritual. Trabalham com os espíritos da natureza e seu maior deus é Nanã. Os espíritos da floresta deram aos Mmoeta o poder de ler a mente dos homens e dos animais. São grandes curandeiros e poderosos feiticeiros.
Buku – Assistente de Nanã e Sakpata que mata os doentes infectados pela varíola. “Toma conta e presta conta” do comportamento moral das pessoas durante os cultos de Nanã e Sakpata.
Legba Aghamasa – Vodum Legba masculino, reina nos portais da morte onde reside Nanã Buruku.
Odom – Bolsa feita com pele de cabra não curtida, enfeitada com búzios, penas e sangue. Nessa bolsa são colocados os gris-gris venenoso e não venenoso que decidem uma questão de justiça. Quando duas pessoas brigam pela mesma “coisa” e recorrem a Nanã para saber quem tem razão, sua sacerdotisa pede um galo a cada um dos queixosos, quando esses animais chegam, esses gris-gris são oferecido aos animais. O galo que comer o venenoso, o dono dele perde a causa. Além desses gri-gris, outros segredos de Nanã são guardados na Odom.
A Odom fica sempre nos pés do assentamento de Nanã, nunca vai a público e não pode jamais ser tocada por homens.
Abuk (abuquê) – De acordo com a cultura Fon, foi a primeira mulher a surgir. Patrona das mulheres e dos jardins, seu fetíche é uma pequena serpente. (teria alguma coisa a ver com Nanã?!!)
Asase (assassê) – Deusa da criação dos homens e receptadora dos mesmos na morte. Cultura Ashanti. (Seria a mesma Buruku?!)
Atori (atôli) – Vara ou haste simbólica de Nanã, representa seus filhos mortos e os ancestrais.
Todos esses Voduns usam muitos kpolis (quipôlis - búzios) e palha, dificilmente cobrem seus rostos.
Falar ou escrever sobre Nanã é uma tarefa das mais difíceis, pois são tantas as história a ser contadas, que somente um livro poderia caber.
Todos os adeptos do Culto Vodum, devem prestar muita reverência a Nanã. Em seus cânticos e danças devemos nos alegrar e nos sentirmos honrados em poder, aqui no Brasil, participar dessa parte que na África é reservada somente aos seus sacerdotes e sacerdotisas.
Aho bo boy Naê!!
 
Fonte: www.kwecejaneji.org

 

 

 

NOHÊ AIKUNGUMAN

 

No culto dos Voduns, Nohê Aikunguman é a base de tudo que é fundamento. Acreditamos que somente Aikunguman pode sustentar uma base sólida para apoiar e firmar um templo de Voduns.
Temos vários Voduns que pertencem ao panteão de Aikunguman, porém existem aqueles cuja a tarefa primordial é o culto a mesma. Dependendo do que se pretende fazer, invocamos o Vodum correspondente. Como exemplo podemos citar:
Vodum Aizam - considerada a patrona dos grandes mercados. - Ë costume em todo Benin, quando nasce uma criança, levar a mesma ao mercado e lá fazer os mlenmlen (orikis) e oferendas à Aizan, pois acreditam que esse ritual dará muito boa sorte à vida da criança. Esse procedimento também se dá aos casais de noivos. Os familiares das duas partes ser reúnem e vão juntos com os noivos ao mercado. Nos dois casos, tanto a criança quanto os noivos trazem para casa um pouco de terra e a coloca no solo de suas casas para que a fartura e a prosperidade façam sempre parte de suas vidas.
Vodum Aizam tem uma grande família e cada um dos membros reina em uma parte da terra, inclusive o mundo ctônico (subterrâneo) e abissal (subterrâneo aquático).
Vodum Intoto - É um Sakpata que não é feito no Ori de ninguém, assim como Aizan. Saber plantar, cuidar, zelar esse Vodum é "garantir a vida" dentro da casa de santo. Intoto é responsável pela putrefação das carnes e dos alimentos em geral; por essa razão temos que saber cultuá-lo abaixo do solo para que essa atribuição dele só ocorra em seu mundo e nunca no nosso.
Vodum Agué - Dono de todos os segredos das folhas, este Vodum tem um papel importantíssimo dentro do culto Aikunguman pois é ele quem a fertiliza e a alimenta com suas sementes e magias. Em uma casa de santo cabe a ele levar o "sabor" de cada vodunci e o apresentar à Aikunguman na passagem de sua vida profana para a religiosa, isso é, no seu renascimento.
Vodum Guiogu - O dono da faka (faca) e das grandes guerras. Seu papel é importantíssimo no culto de Aikunguman, é ele quem dá à mesma o kun (sangue) dos animais sacrificados. Junto com Vodum Yian, Guiogu garante que o kun humano não será derramado dentro daquela casa.
Baseados nessa pequena explanação, podemos entender o porquê de usarmos "poeiras", "terras" de determinados lugares para fazermos assentamentos de Santos e Legbas. Como eu disse, cada membro da família de Aizam, rege um local - feira-livre, mercados, açougue, bancos, cemitérios, estradas, rios, mar, cachoeira, etc.
Para nós filhos do Culto Vodum, Aizan é a principal deusa da terra, ela é a própria terra

 

 

 

HEVIOSO

 



As informações mais antigas que encontrei sobre os Voduns do panteão do trovão, datam do final do séc. XV e princípio do séc XVI.
Nas aldeias lacustres, nos arredores do atual Allada, era cultuado o Vodum Setohoun (espírito da laguna).
Quando Setohoun chegou a aldeia de Hevie (reviê), os nativos o batizaram com o nome de Hevioso ou Hebyoso (na minha opinião Hevioso seria o mais correto, visto a sua tradução ser: hevi: nome da cidade e oso ou so: raio = raio de Hevie).
Em Dahomey ele recebeu o nome de Xevioso, quando chegou trazido por uma nativa da aldeia de Hevie.
Na cidade de Mahi era cultuado o Vodum Djiso (djisô) na tribo Djétovi. Nesta mesma cidade, também eram cultuados os Voduns: Gbame-so (bamé-sô) que tudo indica ser o mesmo Bade que conhecemos no Brasil; Akhombe-so (acrombé sô); Ahoute-so (aroutêsô) e Djakata-so (djacatá-sô).
Vale assinalar que em toda a região do Dahomey atual Benin, até os dias de hoje, todos esses Voduns inclusive o Orixá Shango são chamados de SO (sô), que quer dizer raio.
Sogbo era e ainda é, para o povo daometanos a grande deusa, mãe de todos os Voduns So e irmã de Hevioso. Junto com seu irmão lidera a família.
A partir do meado do séc. XVI o culto desses Voduns se espalhou por todas as regiões do Dahomey. Com essa expansão, novos Voduns foram surgindo. Vejamos alguns deles:
Adantohun (adantôrrum) (seria o que conhecemos como Soboadan?!)
Ahuangan (arruangam)
Alansan (alansam)
Kasu Kasu (cassu cassu)
Saho (sarrô)
Aden (feminina)
Gbwesu (buêssu)
Akele (aquêlé)
Besu (bêssu)
Ozo (ôzô)
Kunte (cuntê) feminina
Naete (naêtê) feminina)
Beyongbo (beionbó) (feminina)
Avehekete (averequéte)
Dawhi (dauri)
Hungbo (rumbó)
Salile (salilê)
Agbe (abê) (feminina)
Ahuangbe (arruambé)
Contam os vodunos e Hunos que devido as tribos litorâneas que prestavam culto aos xwala-yun (deuses do mar) adotarem o culto a So, Agbe e Naete foram designadas a se estabelecerem no mar junto ao grande Vodum Hun e que a partir daí, o culto dos dois panteões se fundiram nos cultos.
Ao nível de Brasil, por tudo que pude constatar em minhas pesquisas, não vi muita diferença entre nosso culto e o dos africanos. A maioria dos So que existem no Benin existe aqui também.
No Brasil é comum as pessoas chamarem todos os Voduns do panteão do fogo de “Sobo”.
Vejamos alguns Voduns e suas características:
Kasu Kasu (cassucassu) - Guerreiro que defende as aldeias e ou casas de santo onde é cultuado. Os inimigos têm pavor de Kasu. Dizem que quando em luta ele cospe fogo sobre os inimigos. Quando em guerras, Kasu coloca-se a frente da aldeia e ou casa de santo e abre seus braços criando assim um obstáculo que impede os inimigos de atacar. A tradução de seu nome é barreira.
Sogbo (sobo) - Vodum feminina considerada a mãe de todos os So. Faz trovejar para alertar os homens que os deuses julgadores e da justiça estão insatisfeitos e que o trovejar é sinal do castigo que está por vir.
Djakata-so (djacatásô) - Muito forte. Em sua ira arranca as árvores e as joga sobre os inimigos e aldeias. Defende seus filhos mesmo que eles estejam errados, só não podem errar com ele.
Hevioso (reviossô) - Seus raios rasgam os céus acompanhados dos trovões, destruindo cidades inteiras e fulminando os inimigos. Dizem os Hunos que é preciso oferecer sacrifícios ao deus do trovão para aplacar sua fúria. Ele odeia ladrões e malfeitores e os mata. Quando esta, satisfeito, Hevioso dá a chuva e o calor que tornam férteis a terra e o homem.
Akholongbe (acrolombé) - Ataca os inimigos ou castiga o homem enviando granizo, ë faz os rios transbordarem. É ele quem controla a temperatura do mundo. Quando está calmo e satisfeito, ajuda o homem dando-lhe bons movimentos financeiros.
Ajakata (ajacatá) - O grande guardião dos céus. Somente ele possui as chaves que permite a entrada dos homens nos céus. Quanto aborrecido envia as chuvas torrenciais.
Gbwesu (buêssu) - É uma das mais calmas, é o murmúrio dos trovões no horizonte.
Akele (aquêlé) - É quem puxa as águas do mar para o céu e a transforma em chuva.
Alasan (alassam) - Talvez o mais velho de todos. Ensinou ao homem o culto de So.
Gbade (badé) - Jovem, guerreiro, brigão, implicante, muito barulhento. Adora beber e quando o faz arruma bastante confusão deixando todos atordoados. Adora esconder as coisa (pertences) e se diverte em ver as pessoas procurando. No trovão ouve-se sua voz gritando para que os homens consertem o que está errado. Sua morada são os vulcões.
Adeen (adêêm) - É ela quem faz escurecer os céus e envia os relâmpagos que fulminam. Sua mãe Sogbo ralha com ela dizendo: - Ahunevi anabahanlan! (não mate as pessoas).
Aden (adêm) - Vodum masculino do panteão do trovão, que veste roupa branca. Dá as chuvas finas que faz as árvores frutificarem e, em conseqüência, é guardião das árvores frutíferas. É o mesmo Vodum Adaen conhecido no Brasil. Em um combate, mata os inimigos pelas costas, não a traição. Todo cuidado é pouco para lidar com esse Vodum, pois a primeira vista ele não demonstra seus desagrados.
Ahuanga (arruanga) - Vodum masculino muito velho e grande feiticeiro do panteão do trovão, filho de Saho. Em um salto transforma–se em fogo para proteger seus adeptos e queimar seus inimigos, depois disso desaparece numa moringa. Tudo que é seu é enterrado.
Auanga (auangá) - Vodum masculino do panteão do trovão, irmão de Avehekete. Habita as lagunas marinha. Suas águas engolem os ladrões.
São muitos os Voduns desse panteão.
Os So ou Sobos não gostam de malfeitores e ladrões de um modo geral eles se irritam e matam esses elementos.
A água da chuva depositada nos telhados é um dos seus maiores beko (becó (kisilas)). Também não gostam de feiticeiros e bruxos e se esses se meterem com seus protegidos Ele os fulmina.
Os akututos (eguns) não constituem um beko para esses Voduns, mas eles também não gostam muitos dos mesmo. Quando é necessária a presença de um deles para afastar esses espíritos, se fazem presente e com muita energia os afugentam.
Sua principal dança é o hundose (rundôssé (Brasil)) e o dogbahun (dôbarrum ( África)). Pela descrição dessa ultima, acredito que seja o mesmo hundose que conhecemos no Brasil.
Sosiovi (sôssiôvi) é nome do chocalho de So ou Sobo.
Sokpe (sopé) é o machado de Hevioso, feito com pedras de raio.
 

 

 

TOBOSSI

 

As Tobossis são Voduns infantis, femininas, de energia mais pura que os demais Voduns. Pertenciam à nobreza africana, do antigo Dahome, atual Benin. Eram cultuadas na Casa das Minas, em S.Luiz/Maranhão, até a década de 60.
As Tobossis gostavam de brincar como todas crianças e falavam em dialeto africano, diferente dos Voduns adultos, o que dificultava muito entendê-los. Sem contar que, muitas das palavras elas falavam pela metade.
Elas vinham três vezes por ano, quando tinha festas grandes, que duravam vários dias.
A chefe das Tobossis é Nochê Naé, a grande matriarca da família Davice,ancestral da família real de Dahome, é considerada a mãe de TODOS os Voduns.
As Tobossis têm cânticos próprios,dançavam na sala grande ou no quintal, sem os tambores e, como todas as crianças, adoravam ganhar presentes e brincarem com bonecas e panelinhas.
Comiam comidas igual às nossas, junto com todos e tinham o costume de dar doces e comidas às pessoas. Sentavam-se em esteiras.
Pela manhã, tomavam banho, comiam e depois dançavam. Gostavam de dançar no quintal, em volta do pá de ginja delas.
Por serem crianças puras, tinham mais afinidade com o corpo permitindo assim, uma ligação mais direta que os Voduns, que são adultos. Não tinham falhas, não se irritavam.
Seu papel no culto era só "brincadeira". Eram espíritos perfeitos e mais elevados. Os Voduns podem ter falhas, as meninas não.
Passavam até nove dias incorporadas em suas gonjaí, diferente dos Voduns que deixavam as filhas muito cansadas.
Tinham um tratamento melhor do que o dos Voduns por serem mais delicadas, porém os Voduns são mais importantes por terem mais obrigações.
Podemos observar similaridade entre as Tobossis do Mina Jeje e os Erês dos Candomblés da Bahia e dos Xangôs de Pernambuco, pelo comportamento infantil. No entanto, os Erês apresentam-se tanto com características femininas quanto masculinas e as Tobossis são, exclusivamente, femininas, dengosas e mimadas.
 
Fonte: www.kwecejaneji.org

 

 

TOGUM